
By Maíra Tito
O primeiro contato entre as Grogues, Cegas e Violentas! foi intermediado pelo produtor desse blog, Valquir Fedri, e não podia ter acontecido em local mais propício: o ônibus que levava o pessoal de Londrina para ver o show dos Sex Pistols em São Paulo, na volta da banda, em 1996. Eu havia comprado uma Sonelli semi-acústica dos anos 1960 do Valquir e ele havia me dito que eu devia conversar sobre montar uma banda com outras duas garotas que ele conhecia, a Carol Avansini e a Cynthia Ito. O papo na estrada, regado a cerveja e adrenalina pelo evento que iria acontecer à noite, rendeu o compromisso de um encontro para conversar.
Cheguei no apartamento das meninas com meia dúzia de latas de cerveja, me perguntando se eu estaria sendo inconveniente, mas fui recebida muito bem, e as cervejas foram recebidas melhor ainda (grogues!). A Carol e a Cynthia eram graduadas em jornalismo e estavam cursando Ciências Sociais na UEL. Eu fazia o terceirão no Maxi.
O primeiro ensaio também não poderia ter acontecido em local mais propício: a sala de espera de uma clínica ginecológica (hoje Casillero Bar), que naquele sábado estava fechada e pertencia ao pai do Raul um amigo nosso. Aquela tentativa tosca de interpretar covers de Verme (Garotos Podres), What do I get? (Buzzcocks), Train in Vain (The Clash), entre outras, naqueles instrumentos desafinados e sem a menor técnica, foi registrada pelo Valquir em vídeo. Ah! “Sem nenhuma técnica” é exagero: eu e a Carol havíamos tido um par de aulas de guitarra e baixo com o Humberto e Rodrigo, os Cherry Bomb, e a Cynthia tinha noções de bateria.
Cheguei no apartamento das meninas com meia dúzia de latas de cerveja, me perguntando se eu estaria sendo inconveniente, mas fui recebida muito bem, e as cervejas foram recebidas melhor ainda (grogues!). A Carol e a Cynthia eram graduadas em jornalismo e estavam cursando Ciências Sociais na UEL. Eu fazia o terceirão no Maxi.
O primeiro ensaio também não poderia ter acontecido em local mais propício: a sala de espera de uma clínica ginecológica (hoje Casillero Bar), que naquele sábado estava fechada e pertencia ao pai do Raul um amigo nosso. Aquela tentativa tosca de interpretar covers de Verme (Garotos Podres), What do I get? (Buzzcocks), Train in Vain (The Clash), entre outras, naqueles instrumentos desafinados e sem a menor técnica, foi registrada pelo Valquir em vídeo. Ah! “Sem nenhuma técnica” é exagero: eu e a Carol havíamos tido um par de aulas de guitarra e baixo com o Humberto e Rodrigo, os Cherry Bomb, e a Cynthia tinha noções de bateria.
Primeiro Ensaio sala de espera de uma clínica ginecológica (hoje Casillero Bar)
Acervo: Valquir Fedri
O primeiro show foi no quintal da casa do David, no bairro Interlagos, reduto punk na época que concentrava as casas do Roxinho, David, e mais alguns que não lembro (grogue!). Nessa época já tínhamos músicas próprias como a que leva o nome da banda, “Grogues Cegas e Violentas!”, “Azar” e “Thirsty Girl”. A propósito do nome, surgiu espontaneamente da reunião de nossas características na época: o gosto pelos etílicos, o fato de usarmos óculos e termos um comportamento um tanto agressivo com quem tivesse a péssima ideia de antagonizar com alguma das três.
Teatro Zaqueu de Melo 11/12/1997 - Acervo: Valquir Fedri
Em pouco mais que três anos de banda, evoluímos muito musicalmente, a ponto de o último show, em dezembro de 2000, no legendário 92 Graus em Curitiba, ser realmente muito bom, ao menos na minha opinião e na das pessoas que o assistiram – umas 10, no máximo.

Mas se há uma marca que nos identificava mais do que as outras, era a ATITUDE. Estávamos entediadas com a cidade e com o mundo, queríamos chocar, éramos livres. Toda ideia de qualquer integrante da banda era bem-vinda, gerando um espaço de catarse (violentas!). Pixamos muros com letras dos Ramones, espalhamos isopor picado pelo Bar Potiguá, tocamos no anfiteatro do Zerão e no Teatro Zaqueu de Melo usando saias tão curtas que era provável que mesmo quem sentou nas fileiras mas distantes podia ver mais do que deveria.

A banda acabou quando a Cynthia casou-se e foi morar um tempo no Japão. Nosso legado é uma fita-demo (Grogues, Cegas e Violentas!) e um cd-demo (We're not nice girls for them), ambos gravados em estúdio, ao vivo e reproduzidos manualmente. São gravações simples, diretas e contundentes. Assim como foi a história das Grogues nas ruas de Londrina, uma Londrina muito diferente da de hoje, onde se podia comprar vinho na Adega da rua Brasil e sair bebendo tranquilamente pelas ruas frias e cobertas de nevoeiro na madrugada. Uma época autêntica, inesquecível, sem frescuras.
Fotos da Capa e contracapa - Rogério Ivano
Arte - Kiko
Para Download click aqui http://www.4shared.com/dir/oZhazWeg/sharing.html
Carta Manifesto que acompanhava o CD
Agradecimentos
Juan Diaz pelas digitalizações
Lucas Ricardo, pelos arquivos.